PRESERVAR O DIÁLOGO: UMA NECESSIDADE HUMANA
1. É preciso que estejamos atentos para o fato de que somos o mundo; desenvolvermos a consciência de que não estamos simplesmente nele e dele somos separados. Que vivemos o mundo nas suas várias intensidades e relações, relações contraditórias. Que a consciência não é fazedora arbitrária do mundo e nem é dele puro reflexo. Mundo e consciência formam um todo, uma unidade.
2. Que o desenvolvimento da consciência (nova consciência) é o caminho que nos leva a descoberta de que sendo diferentes uns dos outros não precisamos negarmo-nos mutuamente como seres da convivência. Convivência que, consciente, deve ser crítica, mas, ao mesmo tempo pacífica, construída através do diálogo. Diálogo como abertura respeitosa ao outro; outro que sou e que é tu ao mesmo tempo, enquanto consciência do mundo. Eu só sou eu no outro, na disponibilidade curiosa à vida, no ser mais.
3. Diálogo que só existe verdadeiramente na relação horizontal, fundada na confiança mútua; na fé nos homens, no amor, na humildade; na curiosidade criativa diante da inconclusão do mundo, da nossa própria inconclusão. Diálogo como aposta na solidariedade, na partilha, na ética e na fraternidade entre os homens; no compromisso inquebrantável com a esperança e a emancipação. Diálogo como educação para a liberdade.
4. Talvez seja exatamente esta a chave que nos abre para sermos, também, além de seres da convivência (seres do diálogo), seres da tolerância. Tolerância que não pode ser ingênua, nem corrompida em permissividade. Tolerância enquanto caminho para o crescimento democrático e para a afirmação dos nossos direitos de sonhar sonhos individuais e sonhos coletivos; de construir coisas e sentimentos, superando, no dia-a-dia, a nossa inconclusão.
5. "Se os sujeitos do diálogo nada esperam do seu quefazer, já não pode haver diálogo. O seu encontro é vazio e estéril. É burocrático e fastidioso”. (Paulo Freire. PEDAGOGIA DO OPRIMIDO).
Se não há diálogo não há sujeitos concretos!